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Como você faz suas leituras betas?

  • lmccabrero
  • 26 de abr. de 2022
  • 5 min de leitura

Foto da vista do topo de vários livros entreabertos organizados sob uma mesa.
(imagem: freepik.com)

Nós já falamos sobre edição e leitura crítica antes. Agora é hora de voltar um pouquinho e conversar sobre leitura beta.


A leitura beta é um processo que vem logo que você termina o primeiro manuscrito da sua história. É a primeira vez que alguém tem acesso à história que você passou semanas, meses ou até anos escrevendo.


Ou seja, não é pouca coisa.


Mesmo sendo uma etapa importantíssima na vida do livro, a leitura beta não tem a obrigação de ser profissional ou depender de processos como uma leitura crítica, leitura sensível ou edição. Não à toa é muito comum da gente chamar nossos amigos para serem nossos leitores betas.


Não é incomum, também, perceber que cada autor tem uma maneira diferente de lidar com a leitura beta. E eu, como autor, sempre gosto de ver como funciona a leitura beta dos colegas e ver em que pontos eu posso pegar emprestado e usar quando for a minha vez de mandar minha história para o mundo.


Dito isso, vou listar quatro pontos que levo em consideração na hora de mandar o texto para meus leitores betas e falar um pouco do processo.


Tem certeza que quer mandar agora?

Você passou um tempão escrevendo sua história, isso quer dizer que ela está preparadíssima para começar a receber as leituras dos seus betas, certo? Mais ou menos.


Eu já fiz isso como autor e já fui leitor beta de textos que precisavam de um tempinho a mais no forno antes de começar a ver outros olhos.


Claro que você não deve nem se preocupar em ter o texto final-real-oficial quando for mandar para a betagem, mas isso não quer dizer que você deve mandar aquela primeira versão que precisa de revisão. Pense o seguinte: você quer que seu leitore beta aproveite a história e possa apontar os pontos que funcionaram e os que não funcionaram para ele ou ela. E como seu leitore beta vai fazer isso com um texto todo torto?


Eu escrevo a história, pelo menos, duas vezes e faço uma revisão ortográfica e gramatical antes de começar a pensar em mandar para meus leitores betas. Para ter certeza de que eles terão a melhor experiência possível.


Vai chamar quem?

Ok, você revisou seu texto e ele está na melhor forma possível para receber os olhinhos dedicados dos seus leitores betas. Mas quem você vai chamar?


Muito se fala em não escolher amigos, parentes ou parceiros como leitores betas, porque essas pessoas correm o riso de serem enviesadas nos seus feedbacks. Eu concordo em partes. Se seu amigo sabe ser crítico com você, por que não chamá-lo?


Eu gosto do equilíbrio de incluir amigos próximos e desconhecidos (volta e meia chamo voluntários no Twitter) e gosto também de variar no tipo de pessoa. É legal ter aquela pessoa que tem o costume de ler exatamente o gênero que você escreve, mas pode ser uma boa mandar para quem não está familiarizado com o tipo de história que você escreveu. Vai que essa pessoa não enxerga uma interpretação completamente nova e pertinente da sua história?


A quantidade varia bastante, penso que ter, pelo menos, três leitores betas é uma boa pedida. Levando até mesmo em consideração que às vezes acontece de um desses leitores simplesmente sumirem com a sua história e você ficar plantado esperando pelo feedback da pessoa.


Sim, essas coisas acontecem com todo mundo.


E o formato?

As primeiras vezes que eu mandei texto para leitores betas, mandei em um arquivo do Word ou PDF. O que não tem problema nenhum se você acha que funciona.


O que conta é a formatação do arquivo, quando a gente escreve, é normal usarmos um tipo de formatação diferente (eu sei de autor que escreve em Comic Sans) e que nem sempre pode funcionar para o seu beta. Então cuidar da formatação do arquivo, com boas separações entre capítulos, um espaçamento agradável e uma fonte que facilite a leitura é uma boa.


Eu também criei o hábito de mandar o texto em .docx, .pdf e em formatos de ebook (.mobi e .epub), para facilitar caso a pessoa queira mandar o arquivo para o Kindle. Coloco todos esses formatos em uma pasta no Google Drive e mando apenas o link dela, o leitore que escolhe em qual formato prefere ler.


Um último toque que dou no arquivo é incluir uma “cartinha” agradecendo o leitore por participar da betagem. Na cartinha, eu também aproveito para explicar um pouco do que pretendo para a história (aonde quero publicar, por exemplo) e se preciso que a leitura beta preste atenção em algum aspecto específico do texto (personagens, por exemplo).


Termino a cartinha passando os meus contatos para a pessoa que estiver lendo poder enviar os feedbacks e/ou tirar dúvidas ao longo da leitura.


Não é uma coisa essencial essa cartinha, mas gosto de passar esse cuidado e carinho extra com quem se voluntariou a ler minha história nessa etapa.


Trecho da cartinha que mando junto da história aos leitores betas

Hora do feedback

A parte de receber os feedbacks da leitura beta sempre é uma caixinha de surpresas.


Não dá pra falar que é um dos momentos mais fáceis porque, bem, não é. Você colocou tanto de você naquela história que receber os comentários de outras pessoas nem sempre é uma experiência agradável.


Mas é necessário, e você pediu por isso. Então o melhor é sentar e aproveitar o que vier pela frente.


A verdade é que você provavelmente descartar algumas coisas do feedback e precisa ficar me paz com isso também. No fim do dia, só você tem o poder de decisão sobre sua história e, se julgar que é melhor manter alguma coisa como está, por que mudar?


Entretanto, eu enfatizo você fazer um esforço e olhar para o que os betas falaram. Muitas vezes eles apontam coisas que você já tinha lá suas dúvidas, pelo menos serve para corroborar suas impressões e falar “não, você não está se autossabotando, esse pedaço realmente precisa de trabalho” ou “não, você não é soberbo, esse trecho está espetacular”.


O ‘como mandar’ é um ponto que ainda não me acertei por completo. Na leitura beta de Filhos de Janeiro, montei um formulário com perguntas para direcionar melhor os leitores, mas senti que engessou demais o processo e não foi agradável para mim trabalhar em cima daquilo.


Nas betagens seguintes, eu deixei mais aberto para a pessoa dar o feedback da maneira que ela preferisse. Por áudio, texto ou, sei lá, vídeo. Senti que eu aproveitei mais do retorno e a pessoa se sentiu mais livre para fazer o que a deixava mais confortável.


Também deixei de lado a listinha de perguntas, preferindo perguntar pontos específicos se eu sentir realmente a necessidade e sentir que a pessoa está disposta a responder.


Esse último ponto é o mais importante: perceber se a pessoa está disposta. Como leitura beta é um serviço geralmente gratuito, não dá para soterrar a pessoa de tudo quanto é pergunta sobre sua história. Ter bom senso e não abusar da boa vontade alheia nunca é demais, né?


E aí, como você organiza a sua leitura beta?


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